Les Demoiselles d’Avignon
Les Demoiselles d’Avignon é finalizada em 1907. 9 meses de estudos e 800 esboços! Não há outra obra que tenha sido precedida de tão grande
preparação.Pintada a óleo sobre tela e medindo 243,9 x 233,7cm está em NY , no MOMA.
Ele trabalha com a força de um touro e com a sabedoria de uma coruja (animais inúmeras vezes representados, como sua mitologia pessoal) e vai fazer um processo de radicalização da forma e do conteúdo, tornando-se mais ousado e desantropomorfisador. Desprende-se do orgânico, abstrai, tornando sua arte produto do intelecto. No entanto continua a mímeses (o figurativo) ainda não quer “independência absoluta” da realidade já que seria “o esvaziamento do conteúdo e o conseqüente empobrecimento formal”(Georg Lukács).
Um antecedente
significativo para a concepção de Les
Demoiselles d’Avignon é “O Retrato de Gertrude Stein”. Aqui já
estão os traços primitivistas inspirados
pelas máscaras africanas, mas que Picasso nega. No livro “Autobiografia de
Alice Toklas” é narrado que, em visita à casa da escritora, sua amiga, teria
examinado longamente uma peça africana e mais tarde em entrevista diria “Arte
Africana? Que é isso? Não conheço”. Ora,
o artista não é obrigado a entender de sua própria obra mas a verdade é que por
volta da virada do século, muitos artistas que se opunham à urbanização na sociedade capitalista ocidental, já demonstravam uma tendência
primitiva que se produzia tanto na sociedade
como na arte moderna. Os artistas de vanguarda, mantinham de algum
modo, contato com esta expressão artística “incontaminada”. O certo é que o primitivismo era já uma complexa rede de interesses ideológicos,
estéticos, científicos e antropológicos e estas idéias estão inscritas em Les Demoiselles d’Avignon.
A questão das artes tribais foi sem dúvida fundamental na sua concepção. Mas não só ela. A obra de Cézanne de forte estrutura, opacidade, solidez e peso da matéria é por sua vez, a outra grande fonte de Picasso. É Cézanne que faz a transição para o conceitual. É ele quem vê a realidade como cilindro, cubo, esfera, ou seja, pela abstração intelectual e não pela sensação visual. É ele quem retira a pintura do campo sensual (como viam os impressionistas) para colocá-la no campo conceitual. E, na virada do século, Cezanne vai abrir o caminho para o cubismo pela textura da cor.
A questão das artes tribais foi sem dúvida fundamental na sua concepção. Mas não só ela. A obra de Cézanne de forte estrutura, opacidade, solidez e peso da matéria é por sua vez, a outra grande fonte de Picasso. É Cézanne que faz a transição para o conceitual. É ele quem vê a realidade como cilindro, cubo, esfera, ou seja, pela abstração intelectual e não pela sensação visual. É ele quem retira a pintura do campo sensual (como viam os impressionistas) para colocá-la no campo conceitual. E, na virada do século, Cezanne vai abrir o caminho para o cubismo pela textura da cor.
Em Paris, uma coincidência favorável vem a
calhar para esta onda gigantesca que vai dar em
Les Demoiselles
d’Avignon: a exposição de máscaras africanas no Museu Etnográfico Trocadero
e a exposição de Paul Cézanne, quase concomitantes.São grandes eventos da
Arte.Picasso está lá, presente. Em Les Demoiselles d’Avignon, ele traça cinco imensas
mulheres geométricas, esquematizadas ao estilo da arte africana. Elas encaram
frontalmente o observador, conferindo grande poder à obra. Ele distorce,
simplifica, deforma. Amontoa as figuras num plano único. O fundo avança e se
retrai, sem uma racionalidade que não seja formal. As mulheres são inventadas
intelectualmente. “Pensadas e não sentidas” como dizia Braque. A mulher do
canto direito é vista simultaneamente de frente e de costas. A da esquerda,
face de perfil e olho frontal,remete à arte egípcia. As do meio, lembram a arte
ibéria e também a Vênus de Milo.
Picasso passa todas as tradições pelo seu filtro pessoal, re-arranjando seus elementos numa nova linguagem pictórica. Facetados como cacos de vidro, os cinco nus de anatomia angulosa, quebram a perspectiva tradicional. Uma natureza morta faz a transição entre os grupos, apontando para o centro do quadro. As cores são uma síntese entre monocromia e contraste. Amarelo, branco, castanho e um azul forte separam a composição. O grafismo apurado garante as sensações de volumes. Os corpos possuem várias visões de frente e de lado, inconcebíveis fora do contexto do quadro. “Nenhum artista europeu ousou tanto”, diz Apollinaire, em 1913. É muito provável que sim.
Picasso passa todas as tradições pelo seu filtro pessoal, re-arranjando seus elementos numa nova linguagem pictórica. Facetados como cacos de vidro, os cinco nus de anatomia angulosa, quebram a perspectiva tradicional. Uma natureza morta faz a transição entre os grupos, apontando para o centro do quadro. As cores são uma síntese entre monocromia e contraste. Amarelo, branco, castanho e um azul forte separam a composição. O grafismo apurado garante as sensações de volumes. Os corpos possuem várias visões de frente e de lado, inconcebíveis fora do contexto do quadro. “Nenhum artista europeu ousou tanto”, diz Apollinaire, em 1913. É muito provável que sim.
Angela Weingärtner Becker
Nenhum comentário:
Postar um comentário