Tamara Lempicka (1898 - 1980)
 

La belle polonaise, assim era chamada esta mulher que dizia “para aqueles que como eu vivem à margem da sociedade, as regras habituais não têm qualquer valor”. Esta era a postura do furacãoTamara Lempicka, tanto em sua vida como em sua obra.

Pensa-se que Tamara teria nascido em Varsóvia mas, ao certo, sabe-se que saiu da Rússia fugida da Revolução. Mudou-se para Paris acompanhada do seu primeiro marido, Tadeusz Lempicki. Tinha então, 16 anos. Instalou-se em Montparnasse, e desde logo introduziu-se na nata da sociedade parisiense.
 
 La belle polonaise era o paradigma da mulher moderna da época, fazendo a apologia ao joie de vivre, ao consumismo, ao sofisticado, à técnica, ao futuro. Sua pintura eram retratos da alta sociedade, feitos com cores metálicas ousadas e angulares(assim como requeria o aço, a máquina). Suas linhas aerodinâmicas reproduzem um universo refinado de jovens de ambos os sexos ultra estilosos. Vivia-se a época do jazz, do charleston e do tango. Os traumas da Primeira Grande Guerra deviam ser esquecidos. A velocidade, o luxo, o lazer imperavam. No plano ideológico o Art and Crafts Mouvement, anti-industrial, almejava eliminar a distinção entre as artes eruditas e a arte decorativa. Mas compartilhavam sim o gosto pela máquina, pelas formas geométricas, pelos finos materiais.
 
 Por intermédio de André Lhote , com quem teve aulas de pintura, Lempicka entra para o mundo das artes. Através dele viria a adquirir um estilo peculiar, tendo como base o cubismo sintético, o vanguardismo do cubismo nos passos de Picasso. Seus motivos eram burgueses e encontrou-se (como uma luva) no Art Decô com uns toques de classicismo adaptando Ingres. Um crítico de Arte fala em “Ingrismo perverso”.
 
Os estúdios de Hollywood inspiravam aqueles anos vinte e trinta. Bem como a revista Vogue e Elizabeth Arden e Helena Rubisntein.
 

Mas Tamara Lempicka vai mais além desta mensagem própria da época destes loucos anos. Atribui intensidade psicológica e física às suas personagens. Expõe crua e friamente, os sentimentos e emoções daqueles que retrata. E não faz nada mais  nada menos, do que refletir a si própria.Tinha uma pintura atraente, concisa, metálica, luminosa: ”Eu desvendo a elegância dos meus modelos”, dizia. De fato, seus modelos exalavam extravagância e sensualidade, expressando um grande erotismo.
 
Viveu uma vida agitada ao lado do seu primeiro marido, sem deixar, porém, de viver inúmeras aventuras amorosas com homens e mulheres,  entre amigos, modelos e desconhecidos.
 
Já em 1933, e depois de se ter separado de Lempicki, voltou a casar-se. Agora  com o príncipe dos seus sonhos, o Barão Kuffner,  que lhe dava um título e muito dinheiro.
Estoura a 2ª Guerra Mundial e eles emigram para os EUA, onde a imagem de De Lempicka como  pintora  se esvai dando lugar à socialite elegante a baronesa Tamara de Lempicka-Kuffner.
 
      Em 1980 depois de 1 ano doente, Lempicka morre durante o sono, sendo que Kizette, sua filha, satisfaz o último desejo ao transportar as suas cinzas num helicóptero e espalhá-las por cima do vulcão Popocatépetl no México.        Angela Weingärtner Becker