Fränzi na frente de uma cadeira esculpida, Kirchner 



                                             O EXPRESSIONISMO 



O Expressionismo, este movimento efervescente e renovador, agrupa grandes nomes: Egon Schiele, Edward Munch, Kandinsky, Franz Marc, Ernst Kirchner, Otto Dix são alguns destes gênios, todos do meu maior agrado. 

Em 1912, numa viagem para a Europa, Lasar Segall, que era pintor e gravurista, estudou algumas técnicas na Alemanha e trouxe-as para o Brasil. O expressionismo estará presente na arte de Anita Malfatti, Lasar Segall, Portinari, Oswaldo Goeldi e Iberê Camargo. ; Lista pra lá de suficiente pra se querer estudar o movimento! 

 Ele nasce em Dresden, Alemanha (1904-5) numa verdadeira comunidade de artistas organizados sob o nome "Die Brücke", A Ponte. Surge entre o fim do século XIX e o início do século XX, com uma visão trágica do ser humano, muito por conta do contexto histórico da Primeira Guerra Mundial. 


Constituíram-se em uma frente contra o Impressionismo que consideravam pueris e cheios de convencionalismos acadêmicos. Só reconheceram Cézanne pelo seu compromisso construtivo e rigor filosófico. Os demais, rejeitam. ( Neste começo de tudo estava o genial Ernst Ludwig Kirschner).

 O manifesto do grupo Brücke foi simples. Impresso com letra pseudo-primitiva falava em renovação, fé no progresso, liberdade. Falava em “nós, os jovens, somos portadores do futuro contra as forças há muito estabelecidas”. Falava em “imediatez e autenticidade”. ; Simples como um big bang. Sua força reverbera ainda hoje. E atentem: os membros fundadores eram estudantes de arquitetura de vinte e poucos anos.

 Os escritos de Nietzsche que estimulavam os artistas a buscar novas liberdades foram, entre outros fatores, um propulsor do movimento. O “Assim falava Zaratustra” recém publicado, era citado regularmente pelo grupo. Falava em renovação e superação, em liberdade da forma, em burguesia decadente. “O que é grande no homem é que ele é uma PONTE e não um fim o que pode ser amado no homem é que ele é uma abertura e uma passagem”. 


Esta frase dá o nome ao grupo “Die Brücke”. A Ponte, que estava impregnada dos escritos nietzschianos como antimaterialismo, ênfase ao indivíduo, ceticismo religioso. O sentimento deveria ser expresso com autenticidade, deveria ser inconfundível, inimitável. Essa ideia de rebelião estará para o grupo como o verdadeiro, o primitivo, o não-sofisticado, o tosco, a liberação sexual. O radicalismo técnico deveria trabalhar a favor do autêntico.


É fácil reconhecer um pintor expressionista. Eles deformam a imagem conforme seus sentimentos. Criam uma pintura alheia às regras tradicionais. Valores como harmonia das cores, equilíbrio da composição, regularidade da forma, tudo isso vai ser considerado blá, blá blá.

As pinceladas fortes e deformadoras vão imprimir em cada objeto representado o efeito de um grito de desespero. As cores fortes (que não requerem verossimilhanças), serão uma beleza quase demoníaca que tinge e contamina a natureza. Com técnica absolutamente original - o subjetivo não suporta imitação- raspam o fundo da alma e trazem-na à luz com brutalidade. Era a "imediatez" mencionada no manifesto. 

 A forma desregrada de encarar a tela e se dispor à autenticidade, é uma coisa muito interessante! A arte deve prescindir a tudo que a antecede. Ela se faz. Nada a preexiste. Tem de ser realizada ali diante da tela, do zero. A técnica não tem um método, é trabalho em si.

 Os expressionistas recusam toda a linguagem constituída (diz Argan). “Na origem da linguagem não existem palavras que “tenham” significado. Assim o expressionismo pretende ser uma pesquisa da gênese do ato artístico”.

Logo, conclui-se que a técnica não pode ser objeto de ensino-aprendizagem. Se assim fosse, onde estaria a insubmissão? Onde estaria a autenticidade? Sua técnica deve surgir junto do ato de pintar. E com envolvimento físico e emocional. O artista deveria pintar sob a febre da emoção.

 Por isso a rejeição de formas sofisticadas de “competência” artística. Aqui sao outros os moldes e outras as avaliações. O ato subjetivo não tem réguas. 


As artes gráficas, a xilogravura especialmente -técnica artesanal antiga- foi de uso preferencial do período. O embate com a madeira, a escavação, a tinta esparramada sobre a matéria e ao final a imagem se apresentando com rastros visíveis da luta e angulosidade deste fazer, será perfeita para os expressionistas. A força, a densidade da madeira ou pedra resistente ao ato, era o que eles verdadeiramente apreciavam. ...