Frans Hals (1581-1666)

autorretrato

Não sabemos exatamente a data de seu nascimento.Foi, porém, entre 1581 a 1584. O lugar é ao norte da Bélgica, Antuérpia. Morre em Haarlem, Holanda onde viveu toda a sua vida.
Seus pais, são obrigados a fugir para Haarlem quando as tropas espanholas invadem a Antuérpia (em 1585 dizimam quase metade da Holanda).

Catharina Pietersdr. Hooft com o filho
Em 1610 Hals, com 17-18 anos já era pintor de atelier, especializado em retratos de cunho naturalista, como exigia a época. E, como diz o professor historiador de Arte Renato Brolezzi, “seus retratos são uma aula de antropologia do século 17” A indumentária serve a um parâmetro ético de comportamento do mundo protestante. A partir de 1517, Lutero, na Alemanha, traz uma nova maneira de pensar a fé. E, na sociedade dos Paises Baixos predomina o mundo calvinista. É a terra do trabalho e da tolerância. Há uma convivência pacífica entre as religiões: judeus, católicos, luteranos, calvinistas. A próspera Holanda, vai receber Espinoza, Descartes e a grande ciência experimental. Lá inventa-se o microscópio e também o telescópio (que depois Galileu vai aperfeiçar).

Descartes-Frans Hals


Ali neste espaço avançado da Europa não há aristocracia de sangue. A oposição é camponês/burguês. O comércio será a atividade que reinará. A bolsa de valores terá um grande momento. As bases do capitalismo não vêm da Inglaterra mas da Holanda. É aqui que nasce o empreendedor e será ele, o “aristocrático” burguês, na verdade. Ali não existe a classe clerical. E há uma interdependência das 12 províncias dos Países Baixos (a Holanda é uma delas). Não havia exército. As milícias fazem a ordem da cidade.

 Maria Pietersdochter Olycan

Tudo isso para explicar os retratos tão abundantes nesta sociedade onde havia gente muito rica e em grande número. O retrato tinha códigos, e Franz Hals pintava mais do que um mero homem de carne e osso. Captava o momento e este era quase sempre de júbilo, de orgulho e de alegria. Nas vestes suntuosas, no olhar penetrante, no leve sorriso o poder pessoal estava representado numa espécie de teatralidade. A ambiguidade oblíqua denunciava a astúcia da personalidade, numa enciclopédia de sentimentos. O impiedoso realismo nórdico declarava e escondia  a verdade no pincel de Hals.

Oficial Sentado, 1631 ( Obra do MASP)
Eles não construiram sobre o pântano roubado ao mar? Frans Hals construía seus retratos como se constrói sobre terreno profundo. Edificava através das tintas. Nesta sociedade, “casar era como comprar ações” ( diz Renato Brolezzi em sua magnífica aula de Arte). O homem é público, a mulher é privada. Daí a mulher sempre representada no trabalho, no âmbito do lar. “Eros sublimado”. Estava posta a necessidade do comedimento pessoal luterano para só depois conquistar o mundo.
O cavaleiro sorridente


Frans Hals usufruía do intenso mercado de Arte que circulava nesta rica sociedade. Todos tinham o direito de ter em suas paredes uma obra pintada: um retrato.
As milícias pintadas tinham uma nova ordem, uma nova idéia de indivíduo.Tudo Hals pintava sem esquecer da exploração psicológica de cada um. Dentro do coletivo, a diferença. Na pintura, as pinceladas não eram disfarçadas mas faziam parte da obra construída.
 Angela Weingärtner Becker

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