EDGAR DEGAS (1834-1917
Bailarinas no Palco, 1879
Filho de banqueiro da alta burguesia francesa foi colocado desde pequeno em contato com as artes. Privilegiado entre os pintores, podia ter todo o seu tempo dedicado à pintura e à pesquisa do movimento no espaço.
Daí ser o pintor das bailarinas e dos cavalos de quem procura captar os movimentos espontâneos, nunca antes pintados. Costumava ficar horas e horas no teatro de Paris, observando as bailarinas, com a paciência e o pensamento de um cientista para capturar a essência do gesto. Neste sentido, para ele, bailarinas e cavalos eram a mesma coisa. Interessava o instante e como aquele corpo exercia o movimento, em sua ancestralidade.
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“Se é necessário repetir uma obra cem vezes, refaço-a cento e vinte vezes, isso não é problema”, dizia. E também "um quadro deve ser pintado com o mesmo rigor de um criminoso ao cometer um crime” referindo-se, por certo, à obsessão da precisão, do desafio, da atenção e do ato solitário que é pintar.
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Acima temos "Bailarinas em verde". Como numa fotografia, Degas pega num rasgo, bastidores e palco. Um fragmento genial visto de cima, a fugacidade da ação captada. Uma das bailarinas está completa, as outras "quedam em nostra libre imaginación" diz o site do museu Thyssen-bornemisza, de Madri, onde fica esta minha obra preferida do autor.
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Não esqueço uma exposição no MASP de Picasso(esse homem quase cruel) sobre o voyeurismo de Degas. Ele desenhou inúmeras vezes seu colega Degas com uma seta que partia de seus olhos e mirava a bailarina, a mulher, em explícita indiscrição voyeurista do objeto a ser pintado. Não dava pra ver estes desenhos sem rir da "maldade" de Picasso. O detalhe é que Picasso estava certo, certíssimo.
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Degas é classificado como impressionista. Nesta época, o passado contava cada vez menos, o futuro cada vez mais. A fotografia estava aí para registrar, documentar o que fosse preciso. Ao artista tocava a emoção, a criatividade. A Arte fragmentava-se em muitos movimentos que se sucediam e paralelizavam-se.
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E, quando por problemas genéticos Edgar Degas começa a ficar progressivamente cego, parte para a escultura. Passa a “ver” com as mãos. Faz bailarinas, agora em três dimensões. Sempre à captura do gesto preciso do instante. É por isso que o classificam dentro do movimento impressionista.
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No MASP, um dos destaques do acervo, é uma coleção completa de esculturas de bronzes, feitos em tiragem de 73 peças, que só pode ser vista integralmente no Masp e em poucos museus como no Metropolitan em New York, ou no Museu D`Orsay, em Paris.
Angela Weingärtner Becker
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