Giovanni Bellini é um pintor da Renascença. Nasce e morre em Veneza (1430 - 1516). Sua importância no cenário da pintura veneziana é inquestionável.
Bellini faz numerosas madonnas (cerca de 15) e todas elas mantêm alguns atributos comuns sendo também de aspecto contido, como que prevendo o sofrimento do filho.Ela sofre sem se expor. Só mais tarde Antonello da Messina, vai fazer as “virgens sentimentais”.
No quadro A Virgem com o Menino de pé, há uma murada onde se apóia o menino que está pintado como se fosse mármore policrômico. Bellini tira proveito da técnica a óleo que dá ao manto da Virgem um aveludamento excepcional.O crítico de arte Berenson diz que seus panejamentos são tão macios que “dá vontade de tocar”. A tecnologia do óleo cria condições do artista avançar na perfeição da imagem.
Percebemos que a obra “A Virgem com o Menino de pé” tem a forma triangular. O número 3 é realacionado ao sagrado, desde o tempo de Pitágoras.A Virgem segue a iconografia, as regras pré-estabelecidas, uma gramática de antemão determinada. Cabe ao artista retirar belezas diversas destas regras sem infringi-las.
A Virgem tem suas vestes em duas cores: o vermelho que significa terra e o azul que significa céu. Também isto é regrado. Platão já falava nesta síntese do mundo sensível e do mundo inteligível que aqui nas vestes de Maria é representado por estas cores.
Vê-se no quadro uma cortina que separa a paisagem da figura, fazendo um espaço matematizado para o pintor melhor distribuir os elementos, mas principalmente para representar a divisão dos mundos espiritual e material. O espaço sacro é separado do espaço terreno, e a Virgem e o menino se situam num tempo incorruptível. A paisagem é o mundo que passa, é o tempo do precário, daquilo que fenece.
A mureta serve para aqueles que observam a obra, do mundo sagrado da Virgem e do Menino. Giorgionne será um dos primeiros pintores de Veneza que pintará a paisagem sem separação, acontecendo no mesmo espaço, o sagrado e o profano. Isto acontece mais ou menos em 1505.
A representação em meio corpo é típica de Veneza e que nos diz que só podemos ter acesso a um fragmento do sagrado. A verdade por inteiro só pode se revelar aos iniciados.
Os venezianos rejeitam a perspectiva pois sua cultura é ligada ao bizantino, dada ao grande comércio da cidade com o Oriente.Veneza será até o começo do século XV , a mais rica cidade do mundo porque mantém o monopólio do comércio do Oriente.esta é uma das razões por que Veneza dialoga com o greco-romano, o medieval, o Renascimento e a pintura Flamenga.
Em 1504, Bellini pinta um quadro que sai fora do tema do Cristianismo.É o único quadro não-cristão do artista.O tema é pagão: ritual de Baco. E o gênero da paisagem nasce aqui.Com isto surge um novo capítulo da pintura de Veneza mas que só 100 anos depois foi difundida.
Nota: o texto é baseado nas aulas de História da Arte do Masp.
Angela Weingärtner Becker
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