Barroco, um pouco de seu significado

“baros”- do grego- “pesado” “obscuro”
Nos séculos XVII e XVIII a palavra foi usada como algo contorcido, bizarro, sem clareza, distante da lógica.
Há quem diga que a palavra “barroco” veio do português ou espanhol “barrueco” e fora usada pelos joalheiros para designar pérolas irregulares ou imperfeitas. Apesar de diferentes supostas origens, o significado de obscuridade permanece e se conserva no decorrer do século XVIII.

O Historiador de arte E. H Gombrich observa que a palavra “barroco” teria sido usada pelos críticos de um período ulterior querendo expor as novas tendências ao ridículo e que significaria absurdo, grotesco. Era uma resistência natural.Desejavam manter os cânones clássicos (comedimento, rigor matemático, temas pagãos, habilidade da técnica, etc) já que o barroco lhes parecia uma lamentável falta de gosto. Sabemos muito bem como as novas idéias são rejeitadas, isto não nos é estranho ainda hoje.


Podemos imaginar facilmente a chegada do barroco numa Roma clássica, de linhas retas e sóbrias, onde as imagens valiam por si mesmas com o ascetismo das proporções formais. Mesmo contendo em seu íntimo, características clássicas- o estilo novo sempre traz resquícios do anterior- trouxe grandes controvérsias.


No Barroco nada é rígido, pelo contrário, tudo pulsa espontaneamente, nos trazendo para dentro da obra, tomados pela emoção, pelo movimento e indo em direção ao útil. Comovente, penetrante e sedutora, a arte ganha uma função pela imaginação e esta função é de persuadir. Era o que a Igreja católica impunha pelo Concílio de Trento (durou quase 20 anos..1545-1563) isto é, codificar as crenças católicas básicas demonstrando que não haveria negociação ou acordo com os luteranos. Agora a Igreja adaptava ou destruía livremente monumentos antigos para que falassem a mesma língua de cultura de massa.Todos com a mesma iconografia católica em “mil possibilidades do verossímel” como diz o historiador Argan, numa retórica que “com frieza quase científica, questiona a alma humana e elabora todos os meios que possam servir para despertar suas reações”.Em outras palavras, a arte do barroco deixa o apenas "deleite" do clássico, para entrar no terreno da imaginação comovedora da devoção."Para além do deleite, é preciso buscar o útil", diz Argan.


Fico pensando em como a Igreja católica naqueles tempos, tomou a frente e repercutiu não só na arte religiosa mas também no civil-pois o barroco se estendeu para o mundo civil. Que inoperante é a Igreja hoje!Longe está das reformas...vem a reboco da História e pateticamente vimos que apenas no Concílio Vaticano II, o Papa João Paulo II autoriza o reexame do caso de Galileu com sua posterior absolvição.
Angela Weingärtner Becker

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