autorretrato


Tintoretto (1518-1548) 
Tintoretto ou “tintureiro” apelido herdado de seu pai que era tintureiro de tecidos. Nasce, cresce e morre em Veneza. Jamais saiu da cidade a não ser para uma pequena viagem à cidade de Mântua, ali perto. Aliás para que sair de Veneza? O mundo vinha a Veneza.Na época chegou a ter 800 mil habitantes. Em suas ruas o mundo caminhava. Podiam-se ver chineses em Veneza. A cidade era uma república aristocrática governada por um doge eleito. Este era substituído a cada 8, 9 anos. Por 400 anos manteve o entreposto comercial mais importante do Ocidente. Ali transitava, luxo, riqueza, exotismos, arte e poder.
Esta era a cidade de Tintoretto que com 21 anos já era mestre e tinha seu próprio atelier onde atendia freneticamente a solicitações de toda a Europa. Sua energia era conhecida e reconhecida. Chamavam-no de “Il furioso”. Não teve educação formal. Pouco tempo estudou com Ticiano que logo percebe sua independência em termos de capacidade, deixando-o estudar por conta própria, na observação dos grandes mestres. Vasari escreve sua biografia quando ele ainda está vivo e o classifica de extravagante, ousado, caprichoso.
O formato de suas obras são quase sempre imensos. Há um painel “Paraiso” de 23m de comprimento que é considerada a maior pintura jamais feita sobre uma tela. Quando ele a transportou de seu atelier ao local destinado, foi aplaudido em glória por toda a Veneza, conta-se.
Tintoretto é o mais talentoso e original maneirista italiano. Suas figuras são sinuosas, serpenteantes, e de grande movimento. É emocionado, patético e dramático enriquecido de tons, nuanças e alusões. As cores se metalizam em Tintoretto. Ticiano é seu modelo. Na verdade Ticiano é um mito em Veneza (assim como Michelângelo o era em Florença) e influenciou toda a sua geração
 No quadro “O transporte do corpo de Marcos” que relata o roubo do corpo do apóstolo que morrera em Alexandria e é trazido a Basílica de São Marcos pelos venezianos, Tintoretto faz uma perspectiva estonteante, como depois o barroco vai usar.
El Greco é aluno de Tintoretto quando este chega a Veneza
No século 16 a pintura a óleo já estava consolidada na Itália. Veneza, estando no meio do mar, sofre de umidade. Este é o motivo pelo qual o afresco é raro ali. A pintura a óleo, em tela era mais adequada. A cidade construída em mar aberto possuía uma luz reverberante que marcou a linhagem das pinturas feitas ali.
Com excessiva umidade, Veneza tinha a prisão mais pestilenta e insalubre do Ocidente. Aliás as pestes começavam lá. (peste negra, por exemplo). Neste entreposto comercial, trocavam-se mercadorias e vírus. “Veneza -diz Renato Brolezzi professor de Artes- tinha dois fantasmas: a peste e o fogo” já que era vítima de doenças e incêndios constantes. O próprio Tintoretto morre de peste. E muitos de suas telas são queimadas no incêndio de 1577 no Palácio ducal. Antes deste ano, houve outros, em 1483 e 1574.
O MASP(Museu de Arte de São Paulo) possui duas obras de Tintoretto



Nenhum comentário: