Peter Paul
Rubens (1577-1640)
O maior pintor barroco do norte Europeu foi Peter Paul
Rubens. Ele consegue a proeza de sintetizar o esplendor italiano com a
sensibilidade flamenga. Assim, admite o prazer sensual junto com o sentimento
religioso, diz Wendy Beckett, historiadora de Arte.
Aos 23 anos vai para a Roma estudar um grande número de obras
antigas e modernas. Viaja para Gênova e Mântua onde absorve com profundo
interesse os conhecimentos italianos sem aderir a nenhum movimento específico. Ele
permanecia flamengo em seu coração, diz Gombrich. Estes artistas flamengos
tinham tentado todos os recursos artísticos conhecidos para expressar a textura
dos tecidos e da carne. Não eram como os italianos que seguiam o padrão de
beleza sagrada ou nobre. Os flamengos pintavam tão fielmente como era possível o olho
humano captar, continua o historiador.
Rubens crescera em Flandres e tinha toda a tradição em si. Agora,
conhece a arte Italiana e também a da Espanha. Encontra Velazquez e, embora fosse
22 anos mais moço, estabelecem amizade. “Considero o mundo inteiro minha pátria”
dizia Rubens, homem de simpatia e magnetismo pessoal.
Ele tem uma visão cosmopolita incorporando os mestres da
Renascença sem se tornar dependente deles. Sua vitalidade e ternura o fazem
disputado por várias cortes. Conhece pessoalmente os reis de sua época e
transita livremente nas diversas cortes, pois era grande a sua fama e muito
valorizado.
Por ser uma pessoa agradável, inteligente e generosa, além
de pintor fazia um serviço diplomático. Muitas vezes intercedeu em conflitos
importantes entre Espanha e Inglaterra bem como nos Países Baixos.
Aos 30 anos, sabia tudo o que um pintor precisava
saber. Fazia telas gigantescas (que sempre me surpreenderam pelo tamanho e quantidade
nos vários museus que visitei).
É fácil gostar de Rubens, pelas cores generosas (como
Ticiano) pelas figuras sólidas (como Michelângelo) e pela luz que -em suas
pinturas religiosas- lembra Caravaggio, contemporâneo seu (e quem
no mundo ocidental não traz um pouco de Caravaggio?).
A descida da Cruz-Rubens
Suas pinturas cheias de
energia, dramaticidade e realismo (em tamanho gigante) tratam de assuntos
religiosos, clássicos e profanos. “...ajustava-se ao gosto dos dignatários e
príncipes” diz Gombrich. E fazia-os com arrojo na composição, luz e movimento.
Conseguimos entrar na vastidão de seus quadros. Na quantidade de quadros que
fez, está claro que possuía muitos assistentes, já que sozinho não haveria como
ter aquela produção. Sob sua orientação, seus auxiliares muitas vezes repassavam
para a tela um pequeno esboço feito diretamente de suas mãos, nos conta
Gombrich. Também às vezes, só pegava no pincel depois que seus alunos
preparassem o fundo. Então ele retocava a obra e rapidamente,
como num passe de mágica, dava vida ao trabalho. É ver
para crer. Ele era bom em tudo: retratos, paisagens, panejamentos, tudo. “Rubens
teve fama e êxito que nenhum pintor teve antes”.repara Gombrich e sua arte adequava-se
perfeitamente tanto a palácios como à igrejas.
"O jardim do Amor", Rubens
Rubens casou duas vezes e nos dois casamentos foi feliz. No
segundo, aos 53 anos de idade, ele casa com uma moça de 16 anos. (Tanta
diferença de idade até na época era motivo de espanto). No quadro “O
jardim do amor” ele demonstra toda a sua felicidade. Pintado pouco depois
do casamento, ele o pinta para si. Não era encomenda de ninguém. A pintura é
toda deleite, é toda sensualidade, é toda alegria de viver. Homens e mulheres
estão em várias posições de enamoramento e inúmeros cupidos sobrevoam os
casais. Detalhe: todas as mulheres se parecem com sua jovem esposa e todos os
homens parecem autorretratos de Rubens (rejuvenescido, naturalmente, para
alcançar a idade da moça). Tudo aponta para sua felicidade pessoal!
Nos dez anos que se seguem, até sua morte, ele tem 5 filhos
com sua jovem esposa. Uma rara história de foram felizes para sempre.
Angela Weingärtner Becker
Angela Weingärtner Becker