Piet Mondrian (1872-1944)

 

De origem holandesa, afrancesou o nome Petrus Mondriaan. Até seus 40 anos não sai da Holanda.Tem uma longa maturação num diálogo intenso não só com as artes mas com a religião e com a  filosofia alemã. Filiou-se na Sociedade Teosófica.

 
Foi um grande retratista. Por ter toda a sua formação na Holanda, conhece bem a tradição holandesa do retrato. De Rembrant, ele tenta captar o que de mais abstrato havia no artista:a luz. Ele procura a decantação da forma, busca a essência, o sentido último, filosófico. No final do séc XIX haverá  reinterpretações do platonismo. Mondriam tem esta compreensão neo-platônica.
 
Vai morar em Paris. Seu ponto de partida será o impressionismo e Cézanne. Pinta paisagens por quase 15 anos. Mas sua pesquisa não é influenciada pela exuberante desordem da vida artística da cidade. Suas árvores têm troncos absolutos e verticais sobre chão horizontal. Ele parte da natureza para em seguida negá-la. Suas paisagens são congeladas num conceito: a linha, o plano, a cor.  “Ao invés da floresta inteira, quer uma única árvore”, diz Renato Brolezzi em sua maravilhosa aula de História da Arte, no MASP. Nesta árvore ele teria a floresta inteira.
 
 
Mondrian concebia sua arte como Platão concebia o mundo, isto é, o sensível separado das ideias. Constrói sob "l'esprit de géométrie", diz Argan. Vai em direção à abstração, à essência, num extremo de racionalidade. Quando pinta uma árvore pinta “a árvore” seu princípio estruturante. Na sua obra “Árvore Cinza” temos galhos pensados como um cristal facetado aproximando-se do cubismo. Porém o cubismo não lhe é racional o suficiente. Ele vai além. Pensa que a percepção é imprescindível mas que  a essência das coisas não se conhece na percepção. É preciso a reflexão sobre a percepção.              

 
 A Árvore Cinza, 1912
 
Mondriam teria um medo: que ele -pintando para o século 20- estaria muito intelectualizado. Medo de que o  permanente virasse passageiro. De que sua pesquisa espiritual fosse absorvida pela industrialização. E assim foi. (Em 1930 uma estilista da casa Hermès cria uma linha completa de bolsas e malas enspiradas em Mondrian).
 
Mondrian é absorvido pelo marketing. Decorativo e de absoluta simplicidade vem  a calhar na decoração vigente. Suas formas vão influenciar Niemeyer, Lê Corbusier e toda a arte Moderna.O design do séc XX vai achar nele o que queria. Linhas retas, era tudo o que a industrialização precisava. Ironia do destino:ele tão espiritual acabará virando móveis e utensílios. No Pompidou e no MOMA “há uma sala toda “ mondrianizada” quase que se desmontasse um de seus quadros e fizesse um jogo de mobílias” diz o professor Brolezzi. “Tudo aquilo que era espírito morreu”. 
                                                                                    
 
                                                              Gerrit Rietveld chair          
                                                                                     

Mondrian tinha uma solidão básica. Era reservado, um eremita à procura do absoluto, diz Brolezzi.Viveu a experiência do asceta.

Em 1940, NY, fica encantado com as quadras retas de Manhattan. Seu desenho geométrico, organizado em horizontais e verticais, pensados em quarteirões (o amarelo seriam os taxis de NYC).

Broadway Boggie Woogie (1942-3) MOMA

Em 1944,  morre depois de uma vida metódica.  Giulio Carlo Argan em seu livro "Arte Moderna" diz: "Pode-se dizer que, não obstante a deliberada frieza de sua pintura(ou justamente devido a ela), Mondrian foi, depois de Cèzanne, a consciência mais elevada, mais lúcida, mais civilizada da Arte Moderna"
Angela Weingärtner Becker
 

 

 

 

 

 

 

 

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