Johannes Vermeer (1632-1675)
Vermeer certamente foi um pintor barroco, como Franz Hals, como Rembrant. Se for para fazer um ranking de fama, ele estaria atrás apenas de Rembrant naquele século de ouro da arte holandesa. Ele vive toda a sua vida em sua terra natal, onde é sepultado na Igreja Velha de Delft.
Sabe-se que casou com Catharina Bolenes com quem teve 15 filhos.Viveu pobremente como diretor da guilda de pintores de São Lucas e seus rendimentos saíam do comércio de arte e não da venda de seus quadros. Trocava, às vezes quadro por comida. Quando morre, sua viúva vende tudo ao município e assim obtém uma pequena pensão.Um recurso usado para que aumentasse o valor dos quadros foi que, por vezes, eram vendidos com assinatura “alugada”. Imagina!
Vermeer morre aos 43 anos e é esquecido por um bom tempo, até que um artigo sobre ele é escrito em uma revista de prestígio. Só recentemente (1866) passa a ser reconhecido como o segundo maior pintor dos Países Baixos. (Há um filme feito em 2003 sobre sua vida "Moça com brinco de pérola".Filme de Peter Webber com Scarlett Johansson, Colin Firth.
Moça com brinco de pérola-Vermeer
Dos cerca de 70 trabalhos que fez, apenas 40 são validados como autênticos. Marcel Proust visita uma exposição de Vermeer em Paris e vê no quadro “A vista de Delft” um dos mais bonitos de todos os tempos. Há um relato em sua obra, da personagem Bergotte, que vai ao Louvre pouco antes de morrer quando medita sobre vida e a morte. Proust havia visto o quadro algumas semanas antes. Trata-se de uma paisagem, coisa rara na obra de Vermeer.
Johannes ou Jan Vermeer era um pintor de ambientes internos, quartos fechados onde mulheres são vistas muito envolvidas com o seu próprio trabalho. Sempre absortas numa espécie de santificação do trabalho doméstico. Há uma serenidade nos rostos e nas coisas como se elas tivessem parado o tempo e a eternidade entrasse no espaço e as imobilizasse. São mulheres protestantes, cujo trabalho está consagrado pela religião e elas, ao invés de ajoelhar e rezar como as santas católicas, elas trabalham. Há uma separação do tempo do trabalho como um tempo metafísico.O cotidiano se estabelece uma realidade perfeita. É uma dimensão íntima, exalada de cada uma, numa proximidade com o expectador mas também- e ao mesmo tempo-como distanciamento velado.
A Leiteira-Vermeer
Mulher de azul lendo uma carta-Vermeer
Cada uma parece ser uma natureza morta onde as coisas se comunicam entre si. A paisagem a que Proust se refere A vista de Delft, é também praticamente uma natureza morta, tomada pela placidez e atmosfera unificadora.
"A mulher de azul lendo uma carta" esteve recentemente no Brasil, em turné antes de retornar a Amsterdã para a reabertura do Rijksmuseum.
Angela Weingärtner Becker
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