William Blake (1757-1827)
Até o século XVIII a finalidade das artes era trazer coisas
belas às pessoas. O debate do que seria o belo ficava em imitar ou
não, a natureza. Imitar ou não, os clássicos.Ser mais ou ser menos platônico. As coisas se davam dentro deste âmbito. Ao
final do século XVIII novos ventos começam a soprar. Ventos vindos da Revolução
francesa, da Revolução industrial. Na Inglaterra as pessoas começaram a escolher
o estilo de suas casas e palácios conforme ditava a sua vontade. O gótico, o
grego se misturavam. Nos EUA, Washington é planificada no estilo
helênico. O barroco e o rococó foram varridos
para o passado. Assim, os artistas começaram a procurar, avidamente, por outros
assuntos, reais ou imaginários. Houve uma liberdade nunca antes
experimentada.Veja-se Goya com suas visões fantásticas; Caspar David Friedrich
fantasmagórico, romântico.Turner e sua pintura quase abstrata.. e muitos outros. Homens
solitários tiveram a coragem de pensar por si mesmos criando novas
possibilidades para a arte. Entre eles o inglês, poeta e pintor, William Blake. Onírico, fantástico!
Veja o mundo num grão de areia,
veja o céu em um campo florido,
guarde o infinito na palma da mão,
e a eternidade em uma hora de vida!
William Blakeveja o céu em um campo florido,
guarde o infinito na palma da mão,
e a eternidade em uma hora de vida!
Houve nesta época um filósofo-político chamado Edmund Burke que
escreveu o livro “Investigação filosófica
sobre as origens de nossas ideias do sublime e do belo”. Ali fala sobre as
características do sublime ligado à dor e ao terror em oposição ao belo que
acalma e maravilha. Suas ideias inspiraram muitos artistas e William Blake
está entre eles. Blake era preocupado com o mundo do espírito. Sua pintura é
androgina, sinuosa, estranha. Muitos a encaixam numa
abordagem esotérica locada num além-mundo. Blake, homem profundamente
religioso vivia num mundo de sua própria criação, diz Gombrich. Foi considerado
louco pela sua recusa em aceitar qualquer padrão e por outros foi dado como um excêntrico inofensivo. "Só meia duzia de seus contemporâneos
acreditava em sua arte” continua o historiador.
Europe, A Prophecy
William Blake fazia gravuras e ilustrava seus próprios
poemas. Foi ele quem inventou integrar texto e ilustração numa
mesma chapa metálica de impressão. Sabe-se que Blake admirava Michelângelo e
alguma coisa do seu “Europe, A Prophecy” naquele ancião agachado, medindo o
mundo com um compasso (e a quem ele deu o nome de Urizen, um ser maligno) tem a
ver com Michelângelo. Blake tinha sua mitologia pessoal: quando menino teria
tido visões nas quais se inspirou pelo resto da vida.
Ele, de fato, era cheio de visões apocalíplticas, pesadelos e fantasias. Ora pendia
para o lado idílico da infância, ora para a humanidade sem salvação.“Blake foi o primeiro artista depois da
Renascença que se rebelou conscientemente contra os padrões contemporâneos
porque o consideravam chocante”, continua Gombrich. Depois de quase um século
ele vai despertar uma visão mais favorável para sua arte singular e visionária
e será reconhecido como uma das mais importantes figuras da arte inglesa. Hoje é reconhecido como um santo pela Igreja Gnóstica Católica, e há o "Prêmio Blake para Arte Sacra," que é entregue anualmente, na Austrália.
O grupo de rock The Doors tomou(em parte) seu nome por inspiração do verso de Blake: If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is, infinite".
O grupo de rock The Doors tomou(em parte) seu nome por inspiração do verso de Blake: If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is, infinite".
Angela Weingärtner Becker
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