O Kitsch
Podemos reconhecer o kitsch na
madeira imitando mármore, nos objetos de zinco imitando o bronze, no adesivo
imitando o ladrilho. Está em tudo o que imita, sempre procurando aparentar ser
algo mais nobre do que é. Adora uma cópia, uma adaptação do modelo
erudito. Às vezes tem um tom surreal e outras vezes humorístico. O kitsch também usa cores vivas ou estranhas
combinações. Com tendências ao exagero, à acumulação, tem conotação
sentimental. A sua funcionalidade é nula ou minimizada, cedendo para o
decorativo. (O pinguim sobre a geladeira faz uma associação ao frio? Para
quê?). O kitsch vive da imitação e do simulacro.
KITSCH- designa uma categoria de
objetos vulgares, baratos, sentimentais, bregas, que copiam cultura erudita sem
critério e longe da qualidade de seus modelos. São destinados à massa. A palavra "kitsch”, às vezes, está relacionada
ao “lixo”. Desde a sua origem assumiu uma conotação negativa. Varia segundo os
tempos, os grupos sociais, as preferências individuais e as geografias. O que
permanece é que é sinônimo de algo banal, barato e de mau gosto.
Muitas vezes é oposição ao
conceito de arte, enquanto outras vezes ele é aceito como arte, (mas de má
qualidade). Embora o kitsch se sinta,
ele mesmo, ”profundo", "artístico", "importante" , ele
deve estas sensações por associações externas ao objeto mesmo . Há quem
entenda o kitsch como ausência do senso crítico. O Kitsch é compreendido de
imediato pelo seu público e sua presença em países do terceiro mundo muitas
vezes é tomada como uma evidência de modernização.
O Kitsch com sua enorme
penetração na psicologia das massas, muitas vezes é usado pela elite para
dirigir a opinião pública, seja na forma de publicidade comercial, educação
escolar, propaganda partidária ou iconografia religiosa. Pode ser típico da
classe média com pretensões de ascensão social. Nos círculos ilustrados
emprega-se o termo com intenção pejorativa e como reprovação moral baseando-se quase
sempre em juízos de valor. E isso é algo muito subjetivo.
O kitsch é um fenômeno de largo alcance e
movimenta uma indústria milionária. Para um bom número de pessoas é todo um
modo de vida. E é sentido como legítimo “genuíno”. O conceito não se sustenta
em bases objetivas e até a Arte (com A maiúsculo) o Design ( D maiúsculo) não
escaparam do kitsch.
É manifestação cultural de muitíssimos
fatores como: industrialização,
tecnologias, ascensão da classe média, êxodo rural, dissolução das culturas
tradicionais e folclores, da ascensão à educação, da conquista de maior tempo
para o lazer, entre outros.
Para Walter Benjamin o kitsch traz
uma sensação de “intimidade sentimental com o consumo fácil, sem exigir um esforço de
elaboração intelectual a respeito do objeto”. Lúdico e “fácil” traz "Conforto
e felicidade para todos" (este poderia ser um dos lemas do kitsch). Posso
levar a Torre Eiffel pra casa. Posso ter a Vênus de Milo na minha cabeceira e ainda
em “magnífico” dourado. Greenberg, estudioso do assunto, definiu o estilo como
"a arte da cópia" e das "sensações falsas”.
Uma das coisas mais tristes do kitsch
é que ele derruba e substitui as tradições. Elimina e desfigura as culturas nativas. Não se confinou às cidades, expandiu-se. Porque anda paralelamente ao processo de
educação de massas, ele tem enorme penetração. O que poderia ser mais kitsch do que a
propaganda oficial na simbologia da pátria amada? Formatar é preciso. O Kitsch
sabe fazer isso muito bem e em grande escala.
O objetivo do kitsch não é criar
novas expectativas, nem desafiar o status
quo, mas sim agradar o maior número possível de pessoas. E, preferencialmente,
só mantendo (não expandindo) o nível de expectativas já existentes. O Kitsch
perdura “explorando impulsos humanos básicos relativos à família, à raça, à
nação, ao amor, à nostalgia, às crenças religiosas, às posições políticas,
tornando-se um estilo de vida onde está ausente o questionamento e a aversão a
encarar o lado sombrio da existência”. Para Abraham Moles, o kitsch é "a
arte da felicidade”.
Gatinhos de porcelana, estátuas
religiosas de gesso, bonecos de pelúcia, anões de jardim, paisagens tropicais
com coqueiros ao pôr-do-sol, postais suíços nevados, essas e outras imagens são
recorrentes no mundo kitsch. E, simpáticas e familiares, rapidamente
compreensíveis, nunca desafiam nem subvertem a ordem social maior, porque o papel do kitsch
é pacificar, e não provocar.
Hoje em dia o kitsch está
recebendo um olhar mais favorável. Estes “méritos” estão sendo reconhecidos por
motivos políticos, religiosos, econômicos. No mundo do politicamente correto é
fácil atribuir a rejeição ao kitsch à uma arrogância das classes cultas. Começa a ser visto (já há
algum tempo) até como boa arte: uma atividade ou produto criado com o único fim
de fruição e deleite - a ideia de "arte pela arte", ideia esta muito
cara à Arte. Milan Kundera disse que ninguém é super-homem o bastante para
escapar completamente ao kitsch “Não importa o quanto o desprezemos, ele é uma
parte integral da condição humana".
Já eu não consigo assimilar o kitsch mesmo sabendo que nada e ninguém conseguem escapar. Sei que nem a Arte mais sagrada escapa. Principalmente esta (a sagrada)fica quase encostada no kitsch. Até porque ela mesma provocou um apelo tão contundente no público que a elegeu para o pedestal em que se encontra. Monalisa, Romeu e Julieta, Tan tan tan tã, sinfonia de Bethoven. Vênus de Milo, São Sebastião das sete lanças, Sagrado coração de Maria ou de Jesus(tudo em epóxi, rs). Compramos a arte barata também porque não podemos comprar a arte cara. Até na Morte o kitsch se manifesta glorioso. Anjinhos rechonchudos, deusas nuas adornam os túmulos. Sem falar na “Ceifadora “ com seu gadanho prateado em miniatura. O Kitsch mata o sofrimento e as grandes questões da humanidade com uma estatueta de mau gosto. Angela Weingärtner Becker
Já eu não consigo assimilar o kitsch mesmo sabendo que nada e ninguém conseguem escapar. Sei que nem a Arte mais sagrada escapa. Principalmente esta (a sagrada)fica quase encostada no kitsch. Até porque ela mesma provocou um apelo tão contundente no público que a elegeu para o pedestal em que se encontra. Monalisa, Romeu e Julieta, Tan tan tan tã, sinfonia de Bethoven. Vênus de Milo, São Sebastião das sete lanças, Sagrado coração de Maria ou de Jesus(tudo em epóxi, rs). Compramos a arte barata também porque não podemos comprar a arte cara. Até na Morte o kitsch se manifesta glorioso. Anjinhos rechonchudos, deusas nuas adornam os túmulos. Sem falar na “Ceifadora “ com seu gadanho prateado em miniatura. O Kitsch mata o sofrimento e as grandes questões da humanidade com uma estatueta de mau gosto. Angela Weingärtner Becker
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