Albrecht Dürer- 1471-1528

 

                                                                                                     Albrecht Dürer, Autorretrato, 1498

                                              Ele não tinha só toda a técnica do seu tempo.

                              Tinha também talento, imaginação, intuição, e uma tremenda sinceridade.

 

Albrecht foi o terceiro dos 18 filhos de seu pai que veio da Hungria e instalou-se em Nuremberg com a família. Ourives, pai e avô, o menino tinha destino traçado. Era nobre ser ourives e, na oficina costumavam reunir-se intelectuais e gente de poder. 

Após alguns anos de escola, Dürer estava já gravando em ouro e prata, começo de uma grande carreira deste que foi considerado o Leonardo da Vinci do norte da Europa.

Por quatro anos estuda xilogravura na melhor oficina da época em Nuremberg, atividade que mais tarde vai elevar à dignidade de Arte. E, no campo das artes gráficas, nunca terá rival. Nesta época a reprodução da imagem por gravuras era um meio poderoso de propaganda religiosa. A Reforma de Lutero já estava no horizonte.

 

                                                                                            Albrecht D6urer  Preciosíssimo sangue de Jesus

Terminado este aprendizado, planeja encontrar em Colmar, maior mestre gravador em cobre que se tinha notícia, Martin Schongauer. Quando chega soube que ele havia falecido. Mas fica na oficina e absorve tudo com os discípulos. De lá vai para a Basiléia, Suíça, centro livreiro, estudar sobre tudo sobre impressões.

Segue para o norte da Itália, berço do Renascimento, aspiração maior de um artista. Ali enche sua bagagem de todo o conhecimento da época. Volta para Nuremberg para abrir sua própria oficina. Para isto tem de casar, uma regra de respeitabilidade vigente. Agnes Frey, esposa arranjada, não tem filhos e não gosta do gênio artístico ao seu lado. Há cartas em que ele relata aos amigos esta situação. Aliás, há farto material da época sobre o artista. A cidade de Nuremberg tinha uma organização municipal muito rígida e documentada.

Dürer tinha amplo conhecimento em matemática, geografia, medicina, alquimia, ciências da natureza, filosofia, literatura. Com pouca idade, era um erudito. Dotado de grande talento e técnica, logo obtém sucesso e se torna um dos homens mais ricos da cidade. Foi por isso mesmo imitado, falsificado e roubado (muitas pinturas se perderam por esta causa). Para tentar manter-se longe de imitações, criou seu famoso sinete, assinatura própria, que aparece em toda a sua obra.

A D-assinatiura de Albrecht Dürer

 

A lebre

Na série de xilogravuras do “Apocalipse de São João” talvez sua obra mais famosa (no total mais de 200 estampas) ali traça visões aterradoras do Juízo Final jamais descritas. Ele fez tudo: desenhou as ilustrações, gravou e imprimiu. Como deixaria ao encargo de outros esse artista obcecado pela  perfeição?

O público vibra com as cenas cruas, aterroriza-se, comenta os detalhes do acontecimento fatal acreditando que o apocalipse transcorreria ainda no decorrer de suas vidas. Dürer pintou o Anjo São Miguel enterrando a lança na goela do dragão com a fúria que todos queriam ver. Monstros diabólicos pelejam com anjos e os anjos não fazem pose (como era no gótico).

                                                                  "Os quatro Apóstolos"

Visionário e detentor de toda a tradição ocidental e toda a técnica da época, Dürer desenhava e pintava com maestria. A natureza, arvores, flores, céu, animais detalhe por detalhe são cuidados com atenção individual e olhar absorto. Num quadro onde pinta uma lebre, o animal parece vivo. Na “Natividade” imprime um ar plácido, repousante e contemplativo. Em “Adão e Eva” distorce habilmente os corpos adaptando regras para descobrir a melhor harmonia. Ele tinha toda a técnica e a liberdade interior do gênio. Alargava ou alongava conforme achava melhor excelência .


                                  

                                  "Jesus entre os Doutores", 1506,  Thissen- Bornemisza, Madri, Espanha


Vai pela segunda vez a Veneza e lá conhece Bellini que reconhece nele toda a sua genealidade. Em carta a um amigo diz: “Aqui sou um senhor, no meu país sou um parasita” queixando-se da rigidez das guildas (oficinas) de Nuremberg onde a ordem do imperador Maximiliano I eram rígidas ditando como proceder com tintas e métodos, já que a Arte estava a serviço do sacro império germânico e Dürer era o pintor oficial da corte.

Com 50 anos visita os Países Baixos e é recebido como um fidalgo. Teria dito em carta que num jantar em sua homenagem os convidados inclinaram-se para que passasse em sinal de honra.

Em 1528, ano de sua morte (malária é a suspeita maior) foram publicados os quatro livros do seu próprio tratado de proporções onde escreve “Afirmo que a beleza e a forma perfeitas estão contidas na soma e todos os homens”.

 Albrecht Dürer extremamente culto e talentoso deixa uma obra espetacular, ele que resumia em si toda a Arte ocidental da época, como disse um historiador de Arte:

“Dürer era um artista tão grandioso, um pensador tão profundo e abrangente, que quase se constituía, ele mesmo, numa Renascença”.   

                                                                                                                                Angela W. Becker

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Há uma boa história sobre um ícone de Dürer, um rinoceronte que ele desenhou mesmo sem ter visto um. Hoje ainda este rinoceronte frequenta as lojinhas de museus de todo o mundo em camisetas, posters, xícaras, chaveiros de lembranças. O detalhe é que o rinoceronte não confere com a realidade. Mas quem se importa? Para esta história, veja em :http://angelweing.blogspot.com/search?q=rinoceronte

Nenhum comentário: