BENVENUTO CELLINI (1500-1571)
e o saleiro de ouro


Benvenuto Cellini, 1543
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Em janeiro de 2006, a polícia da Áustria recupera uma obra-prima renascentista pertencente ao Museu de História da Arte, Viena. O saleiro, centro de mesa de ouro, esmalte e ébano era avaliado em 50 milhões de euros. O autor da maravilha foi o italiano florentino, Benvenuto Cellini.
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Em maio de 2003, um ladrão entrou pela janela, por um andaime de construção, e roubou a escultura sem que ninguém o visse. Ele dirigia uma empresa de alarmes.
Isto foi um dos mais espetaculares roubos dos últimos anos.
Tudo em estilo cinematográfico. Perseguição nas ruas de Viena, imprensa, FBI, telefonemas, filmagens, “procura-se”, negociações. E o mundo em expectativa.
O suspeito, de 50 anos, "colecionou escultura na sua juventude e continua a sentir um fascínio por ela", justificou-se. Ele pedia um resgate de dez milhões de euros.
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Ao final, acabou por confessar e apresentar-se à polícia. Levou os detectives a um bosque onde a peça estava enterrada. Depois de escavarem na neve, os agentes recuperaram uma caixa metálica onde estava embrulhado, em linho e plástico, o saleiro de Cellini.
Durante os três anos, a escultura esteve escondida no apartamento do suspeito.
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O "Saleiro de Ouro" é considerado a "Mona Lisa" das esculturas, única obra de ourivesaria conservada, do florentino Cellini. O artista fez a obra em Paris, entre 1540 e 1543, a pedido do rei Francisco I da França.
Mede 26 centímetros e compõe-se de duas figuras, Ceres e Netuno, representando a Terra e a água. Suas pernas entrecruzadas simbolizam a união desses elementos que, juntos, produzem o sal.
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Cellini foi um famoso ourives, escultor, gravador, pintor. Trabalhou para imperadores, reis, papas e príncipes. Ele mesmo, lá em sua época, foi acusado de roubo de objetos papais. Sua biografia é bem interessante.
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Benvenuto Cellini, Autorretrato ,1562

Benvenuto Cellini nasceu em Florença, filho de um fabricante de instrumentos musicais. Não seguiu a música como queria o pai. Foi trabalhar como aprendiz de joalheiro. Inquieto, briguento, pegou a estrada em direção à Roma, sonho e destino dos artistas da época.
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Seu primeiro trabalho como ourives foi um "saleiro de prata" encomendado por um cardeal que ficou tão maravilhado que saiu a exibi-lo pela cidade. Mais tarde irá fazer o saleiro de ouro, este, que em 2003 foi roubado do museu na Áustria.
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Em torno do Papa Clemente VII, reuniam-se os melhores artistas. Cellini, hábil como artesão, hábil nas relações sociais, introduziu-se neste seleto círculo.
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Uma guerra entre França e Espanha devastava o norte da Itália e, em 1527, chega até Roma. Cellini, refugiado no Castelo de Sto Ângelo, comanda um grupo e, juntos travam memoráveis batalhas expulsando os invasores.
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Cellini é tido como herói de Roma.
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Volta à sua paixão, o trabalho de ourivesaria. Para o papa Clemente VII faz diversos trabalhos, inclusive um medalhão de ouro com a imagem do pontífice. Em 1534, assume um novo papa, Paulo III, que o mantém. Na época, era o maior artista em sua especialidade.
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O esplendor
"Perseu"

da obra de Cellini é um exemplo perfeito da escola maneirista que buscava atingir a emoção através de efeitos estéticos. O maneirismo, é uma arte “de corte”, de um intelectualismo refinado.
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Bom lembrar que Cellini vinha de Florença onde os Médicis governavam. Lá as técnicas de ourivesaria, tecelagem, cerâmica, não eram consideradas “menores”. O status do artesanato era de Arte. Assim, artistas de prestígio trabalhavam na produção artesanal oferecendo desenhos, modelos. Cellini foi um caso típico de artista-artesão, ourives, restaurador acurado, habilidoso pintor e principalmente escultor.
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Infelizmente, a maioria das obras pequenas de Cellini, como medalhas, taças e adagas, foram fundidas. E o medo das autoridades de Viena quanto ao saleiro roubado era bem este: de ser derretido.

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Cavaleiro, Benvenuto Cellini

No início da década de 1540, Benevuto Cellini vai a Paris. O rei da França, Francisco I, oferece-lhe um lugar na corte, mas ele não aceita. Volta para Roma.
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Chegado à intrigas, cheio de inimigos, é preso, acusado de ter roubado joias do tesouro pontifício.
Com a ajuda de amigos, nada é provado, é solto. Resolve voltar para a França onde se dedica à produção de peças encantando a corte francesa.
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O ano de 1540 foi o mais produtivo de sua vida. Para Francisco I faz “O Saleiro de Ouro" e a "Ninfa de Fontainebleau".
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Torna a voltar para a Itália onde passa a trabalhar para o Duque Cosimo de Médici, em Florença. Lá cria peças admiráveis.
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Toda a vida solteiro, resolve casar com sua governanta. Então se aquieta, abandona a vida tumultuada e produz belíssimas obras escritas sobre sua vida, sua arte, e com isso compõe um quadro vivo do homem da Renascença.
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Cellini produziu trabalhos em ouro, prata, bronze e mármore, hoje expostas em vários museus. Também as famosas estátuas de “Perseu” (Logi dei Lanzi, Praça da Signoria, Florença). "Narciso", "O Cristo na Cruz" , (está em Madri) e "Cosimo I de Médici" e "Apolo e Jacinto", talhados em mármore, estão no Museu Nacional de Florença.
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Cellini, este homem renascentista de múltiplos talentos, faleceu em Florença no ano de 1571.

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