PETER PAUL RUBENS (1577-1640)


"As três graças"1630–1635 -Peter Paul Rubens, Museu do Prado, Madri.

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Bonito, saudável, culto, sensato. Rico, com vida organizada e sóbria. Artista e diplomata de sucesso, foi chamado de “O príncipe dos pintores”. Influenciou grandes e numerosos artistas que vieram depois. Delacroix o venerava.
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Diferente da maioria dos artistas, ele foi feliz por toda a vida, desde sempre.
Dono de um atelier enorme, chegou a ter 100 auxiliares. Poderíamos considerar uma corporação ou, modernamente, uma empresa, talvez Peter Paul Rubens & Cia. Ltda. Tinha uma marca, a marca “Rubens” onde empregava especialistas de mãos, pés, crina de cavalos, animais, plantas.
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Seu método de trabalho era fazer um esboço da composição, depois um pequeno modelo e entregar aos obreiros para realizar. Tocava a ele negociar, conceber, supervisionar, retocar, finalizar. Neste tempo, não havia ainda a figura do marchand, o intermediário. Habilidoso, ele mesmo negociava. Uma obra tinha maior ou menor preço dependendo da participação que o mestre dispensava ao trabalho.
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Assim funcionavam praticamente todas as famosas guildas. Com Rubens não foi diferente. Sua oficina foi mesmo espantosamente grande.
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Às quatro horas já estava de pé. Assistia à missa cotidiana e ia trabalhar. Não esperava inspiração. Sentava-se e trabalhava. Pintava e lia os clássicos ao mesmo tempo.
Além de pintor, foi importante diplomata. Era chamado pelas cabeças coroadas da França, Inglaterra, Itália, Espanha para facilitar a resolução de intrigas tão comuns ontem e hoje neste meio.
Em 1630, com a ajuda de seus esforços diplomáticos, estabelece a paz entre Inglaterra e Espanha. Recebe o título de Cavaleiro. Foi o primeiro pintor a receber esta honra.
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Escreveu: “considero o mundo inteiro, minha pátria”.
Andava com naturalidade pela Europa, cheio de fama e tapetes vermelhos.
A fama, no entanto, não o afetava.
Foi um homem trabalhador, verdadeiro e bom. Não gostava de política mesmo estando rodeado dela e quando pode, comprou terras e foi morar no campo.
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Nasce na Antuérpia, Países Baixos. Recebe educação católica humanista e se torna um grande leitor de literatura clássica, o que veio a marcar toda a sua obra. Tinha conhecimento extraordinário de filosofia e literatura.
Com onze anos começa a leitura dos clássicos e isto continuará pelo resto da vida
Em 1600 viaja para a Itália. Em Veneza estuda Tiziano, Veronese, Tintoretto. Em Florença, o grego clássico. Faz uma grande e longa viagem a Roma para estudar no avançado centro da cultura da época.
De Michelangelo, apreende os volumes, de Caravaggio, a luz, de Veronese a cor. Porém tudo passa pelo seu filtro pessoal.
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Aos 23 anos, foi retratista da corte em Mântua. Aos 32, pintor oficial da Infanta Isabel, da Espanha.
Teve dois casamentos e foi feliz em ambos. Na segunda vez que casa, estava com 53 anos, ela com 16.


Rubens, " A Descida da Cruz"

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Retratista, paisagista, trabalhos decorativos, alegorias, mitos, história, natureza. Ele era bom em tudo, mas mais ainda, como pintor de trabalhos religiosos. A contrarreforma estava no auge e ele foi o mais importante pintor barroco- foi um mestre da persuasão.
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Brutalmente vital, suas obras muitas vezes faziam uma explosão orgiástica da vida. Curvas, oblíquas, órbitas e acúmulos de massas. A cor em ondas “alcança timbres brilhantes” diz Wendy Becket a freira, historiadora que sempre tem a palavra certa. Neste turbilhão ele junta passado e presente. Bíblia e Mitologia ocupam o mesmo espaço na tela.
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Sua pintura tem vigor, intensidade e doçura também. Ele olha o corpo com dignidade, reverência e refinamento. Assim olha tudo. Certa vez recebe uma encomenda difícil de Maria de Medici, rainha-mãe da França. Rubens conseguiu fazer a série de telas com extraordinária beleza, sem resvalar para o ridículo, que é o que ela sempre havia tangenciado.
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Foi um grande solucionador de problemas. Inclusive na arte religiosa, expressava um humanismo católico admitindo o prazer sensual misturado com fervor religioso.
O maior dos pintores barrocos juntou o esplendor italiano com a nitidez e sensibilidade flamenga.
“As três Graças”, é a mais popular de suas obras. Ali retrata magníficos corpos femininos, cheinhos, ao gosto flamengo seiscentista. Belas, floridas e roliças mulheres flamengas. Traz o motivo clássico com o gosto do presente.
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Ao final da vida, Rubens compra um castelo e lá no campo, rodeado pelos seus familiares, começa a fazer paisagens. Constable entende que ali faz o melhor de sua obra. Bom em tudo, mesmo.
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Em 1640, acometido por gota, sua vida chega ao fim. Seu quinto filho estava concebido há um mês..
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