MICHELÂNGELO, e a "questão" com Leonardo da Vinci
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Michelângelo sempre se considerou escultor. Dizia: “a escultura é a lanterna da pintura” (carta a Benedetto Vachi, filósofo florentino).
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A ideia de considerar a pintura mais importante do que a escultura tem a ver com Leonardo da Vinci. Este defendia o contrário, ou seja, que a escultura seria quase uma arte manual. Dizia que o escultor precisa usar a força, está sujo de pó e assim não passaria de um pedreiro. Ele queria desqualificar a escultura na comparação com a pintura onde a tridimensionalidade é feita no plano e defende que, por isso, o pintor é mais intelectual.
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Na verdade havia uma rivalidade, uma guerra intelectual (mas não só) entre estes dois gênios. Michelângelo mais ligado à escultura, Leonardo à pintura. De qualqer forma, eles não se suportavam a ponto de não conseguirem ficar na mesma sala. Da Vinci dizia que Michelângelo era mal humorado, irritadiço, chato.
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Mas há que se reconhecer que Leonardo da Vinci era antes de tudo um cientista que pintava. Enquanto Michelângelo era o artista dedicado apenas às artes e tudo a que a ela se referia.
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É conhecida a ideia de Michelângelo quando diz que retira do bloco de mármore tudo o que não é imagem. A técnica e o intelecto, para ele, passam a ser a mesma coisa. Com isso ele diz que através da contemplação o homem entra em contato com o invisível. Ele considera que a Arte tem a ver com o sublime. Seria a manifestação de um universo que não pode ser visto e apenas se manifesta com o fazer artístico.
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A metáfora que usa é o amor entre o homem e a mulher. E isto se pode confirmar no seu poema de número 42 (fez 200 poemas), em que fala que a beleza da natureza é só a imagem da beleza divina, mas sem a beleza da mulher, ele não a conheceria, isto é, não teria acesso.
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Na última parte de sua vida, Michelângelo vai considerar a arquitetura como a primeira das artes. A proporção deve ser submetida ao olho. “O compasso está no olho”, diz ele. A arquitetura agora se tornará sua atividade principal. Aceita o desafio de construir a Igreja de São Pedro, ele, que tem o talento de engrandecer ou diminuir os espaços, como se mágico fosse.
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