Amedeo Modigliani (1884-1920)
Modigliani ou Modi como era chamado, nasce em uma família judia de classe média baixa, cujo pai a abandona. A mãe, sensível e culta, lhe dá esmerada educação. Desde
cedo ele desenha. Desde cedo visita os museus de Veneza e Florença (desejo que manifestou durante os delírios de uma febre tifóide aos 14 anos). Amedeo conhece a tradição
clássica tanto na pintura como na literatura. Sua mãe, tradutora e instruída, lhe dá sólida
educação.
Em 1906 vai para a fervilhante Paris. No ano seguinte
ocorreriam importantes exposições. Começa o movimento do cubismo.
Modigliani trava conhecimento pessoal com Picasso, Matisse, Soutine, Utrillo, Brancusi. Também encontrará os grandes fotógrafos da época, a exemplo de Brassai e Eugène Atget. Com Chanel terá um diálogo sobre a forma e a síntese.
Modigliani trava conhecimento pessoal com Picasso, Matisse, Soutine, Utrillo, Brancusi. Também encontrará os grandes fotógrafos da época, a exemplo de Brassai e Eugène Atget. Com Chanel terá um diálogo sobre a forma e a síntese.
Ele se especializa em retratos, em interiores. É um pintor de constâncias. Tende à geometrização, à
abstração. Faz do retrato um pretexto para a ideia. Seus rostos são máscaras
sem emoções. Não se situam no fluxo do tempo, não são orgânicos. Modigliani
procura a síntese do humano. É um clássico e eterno, neste sentido. A linha é elegante
e faz as curvas com equilíbrio e sofisticação. É como se ele tomasse do ser, o
que é perene e estável. Ao mesmo tempo, leve e sólido, duro e suave. “Quem viu
um, viu todos” diz um amigo meu historiador de arte. “Não é assim” diz o
professor Renato Brolezzi. “Quanto mais sintético e depurado, mais tempo temos
de despender para decifrá-lo." Ele está submetendo o orgânico ao mineral. Nele
temos a sensibilidade do equilíbrio cor/desenho de uma forma sutil que não se
revela ao primeiro olhar. Tudo em desvairada oposição à vida que levou: absinto haxixe e drogas. Sem falar nas doenças que o aompanhou desde a infância: Tifo, tuberculose, pleurisias. “Todos os
bastidores de sua vida” diz o prof. Brolezzi, "não aparecem na obra. Ele é
clássico. Há um esforço visível de domesticação de si. Entre uma obra e outra,
existe um jogo minimalista de pequenas variações cromáticas, sutilezas feitas
pelo homem violento e desequilibrado”
Mme. Georges van Muyden, 1917 (MASP)
Jeanne Hébuterne, 1918
Ele pinta sacrificando tudo e todos. Pinta para a transcendência e mobiliza tudo para esta missão.
Conta-se que certa vez parou na polícia depois de uma briga
com seu primeiro relacionamento mais duradouro. Beatrice Hasting lhe
mordera os testículos. Brigas e desafios eram uma constante, como mostra o
filme em que Andy Garcia protagoniza um Modigliani intenso, angustiado, alegre,
doce e violento.
Em sua curta e tumultuada vida fará mais ou menos
26 retratos, espalhados pelos museus do mundo. No MASP temos 6 obras dele. Muitas
vezes pintou sua belíssima mulher, Jeanne Hébuterne, de belos olhos azuis e rosto
ovalado. Com ela terá uma filha (Jeanne Modigliani).No ano de 1920, Modigliani chega em casa bêbado e machucado de uma
briga de rua. Falece no hospital de caridade naquela mesma noite. Na manhã
seguinte, Jeanne, grávida de 8 meses se suicida.
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