Guernica
A Espanha,
parada no tempo, vivia uma estrutura semi-feudal. Entre 1929 e 1936, o país passa
por ditadura, presidencialismo e golpes, até que em 1934 a República Socialista é
proclamada. Uma contra-revolução é apoiada
pela França e EUA. Quando o
general Francisco Franco assume o poder, finalizando a República Socialista, os
Estados Unidos retiram seu apoio e Franco, juntamente com republicanos,
socialistas e comunistas, pede ajuda a Adolf Hitler e Benito Mussolini.
Acontece então a tragédia. Em 26 de abril de 1937 um
bombardeio por aviões alemães arrasa a cidade espanhola de Guernica apoiando o ditador Francisco Franco. O ataque deveria servir de
exemplo e poder. Um pequeno vilarejo basco pacífico e sem nenhum motivo estratégico torna-se o primeiro
bombardeamento aéreo sobre civis da história.
Em 1937 Picasso-que morava em Paris- fica sabendo pela imprensa- do massacre de sua cidade natal.O mundo se comove. (O impacto seria o
mesmo que haveria de ser Hiroxima).
Picasso recebe encomenda. É um quadro de batlaha (o último
quadro de batalha do século XX). Diante da comoção
mundial pela tragédia, Pablo Picasso aproveitou a
oportunidade para culpar os facistas e- dizem as más línguas-de autopromover-se. Fato ou
não, a destruição de Guernica é a sua obra mais divulgada, conhecida e lembrada.Guernica é uma
arte engajada.
Conta-se que, em 1940, com Paris ocupada pelos nazistas,
um oficial alemão, diante de uma fotografia reproduzindo o painel, perguntou a
Picasso se havia sido ele quem tinha feito aquilo. O pintor, então, teria
respondido: "Não, foram vocês!".
Um sobrevivente do massacre descreve o horror: vira um
homem se arrastando com as duas pernas quebradas, havia pedaços de gente e de
animais espalhados por todo o lado e uma jovem tinha ossos perfurando seu
vestido.
Guernica é um
painel pintado em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris. Foi exposto no pavilhão da República Espanhola. Medindo 350 por 782
cm, aplica a estratégia da desconstrução, própria do cubismo.
É em preto e branco, o que demonstra o repúdio do artista, a tristeza, o
espanto. A bomba é representada pela luz, em cima, no meio do quadro. É um “olho”monocromático
e maligno. A mulher com o filho nos braços é patética. O homem no canto
superior esquerdo está de braços abertos lembrando o quadro de Goya “Os
Fuzilamentos de 3 de maio”. O cavalo está tomado
de horror. A composição toda remete ao pânico, à carne viva, ao desfacelamento,
à morte.
Portinari se apaixona pela obra e reproduz duas séries flagrantemente
baseadas em Guernica (Bíblica e Retirantes).
Hoje Guernica está no Museu Reina Sofia. Porém esteve no
Brasil na segunda Bienal em 1953. Grande façanha de nosso Ciccillo Matarazzo e
Yolanda Penteado que negociaram diretamente com Picasso! Até então a obra não
havia saído (desde a segunda guerra mundial)do MOMA, de Nova York, a pedido do
próprio Picasso. O famoso painel só estava autorizado a voltar à Espanha quando
o país se tornasse democrático. Isto aconteceu em 1981.
Angela Weingärtner Becker
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